AGUALVA
Topónimo sem grandes dificuldades de
etimologia. Deriva de Água Alva (do
latim Aqua Alba). A primeira referência conhecida surge
nas Inquisições Afonsinas de 1220,
que anotam entre os bens do Mosteiro de S. Vicente de Fora, uma herdade em Água Alva com dois casais (in aqua
albunam hereditatem cum duobus casalibus).
Em 1272 aparece referida a Ribeira de Aqua Alba. Em 1286 tem já a forma portuguesa Agua
Alva.
Foi
sofrendo diversas alterações, e hesita em fixar-se numa forma definitiva; desde
1323 até princípios do séc. XIX
escrevia-se Agoalva.
Agualva vai buscar as suas origens à água que
ali passava com grande abundância e, ao que tudo indica era alva e pura.
Antes
disso, chamava-se Jarda, de Jardo, o
que significa amarelento, termo que, aplicado aos homens, quer dizer
"homem loiro".
É
precisamente com este apelido ou alcunha que nos aparece no séc. XIII, aquela que é a figura mais
ilustre da freguesia:
Domingos Anes Jardo.
Nasceu em Agualva-Cacém, no seio de uma
família humilde, foi Bispo de Évora e
Lisboa, e fundador do Convento dos
Loios, Chanceler-Mor do Rei D. Dinis
e fundador da Universidade de Lisboa, e ainda do Seminário de Santo Elói, São
Paulo e São Clemente, tendo deixado por sua morte, todos os bens a este
Seminário. Faleceu em Dezembro de 1294.
Agualva é a mais jovem freguesia das quinze
que constituem o concelho de Sintra.
Vem de tempos remotos a fixação das primeiras
populações no local.
Agualva, Vila e Cidade
A
freguesia de Agualva-Cacém, criada pelo Decreto-Lei nº. 39210, de 15 de Maio de
1953, tem conhecido um processo de evolução e desenvolvimento que a têm
descaracterizado e isolado naquele conjunto de "vilas dormitório" que
foram crescendo ao longo da linha de comboio, que liga Sintra a Lisboa.
Esta
freguesia, que hoje vive entre o desconforto das grandes urbanizações, ainda
preserva algumas memórias do passado. Estas tiveram até há poucos anos atrás,
enquadradas numa paisagem descrita por muitos autores, como desafogada e com um
tanto revestimento vegetal de vinhedos, pinheiros, eucaliptos e oliveiras.
A ocupação destas terras é muito antiga,
o que pode ser testemunhado pelo Monumento
Funerário Pré-Histórico, que é a Anta de
Agualva. Hoje encontra-se em bom estado de conservação, porque foram feitos
esforços para preservar o espaço onde está implantado.
Também
desse tempo merecem referência a Gruta
de Colaride, espaço que o homem pré-histórico adotou para as suas práticas
diárias.
Agualva-Cacém,
tem tido grande desenvolvimento populacional e urbano, foi elevada a Vila pela Lei nº. 66/1985, e à
categoria de Cidade pela Lei nº.
34/2001 de 12 de Julho.
Pela
Lei nº. 11-A/2013 de 28 de Janeiro, dá cumprimento à obrigação de reorganização
administrativa de algumas freguesias, nomeadamente Agualva e Mira-Sintra,
passando a designar-se União de
Freguesias de Agualva e Mira-Sintra.
Agualva
e Mira-Sintra é a terceira maior
freguesia do concelho de Sintra, destacando-se a sede dos Bombeiros
Voluntários de Agualva-Cacém, a esquadra da PSP, uma Biblioteca Municipal, um
Centro Lúdico, um Centro de Saúde, e uma Loja do cidadão, entre outros
serviços.
Moinhos e Azenhas
Nalguns
lugares da freguesia, aonde a urbanização desordenada ainda não chegou,
encontram-se vestígios arruinados de alguns dos numerosos moinhos e azenhas que noutros tempos existiam por montes e ribeiros
de Agualva-Cacém.
Hoje
temos imensa dificuldade em imaginar a paisagem rural de então. Onde agora se
erguem os enormes blocos de cimento armado que nos servem de
"dormitórios", outrora eram
casais agrícolas e quintas dispersas, que forneciam os legumes frescos para abastecer as grandes
cidades.
FEIRA DE AGUALVA
A
Feira de Agualva era uma das mais antigas da região saloia, que se realizava desde 1713 na Praça da República,
tendo acabado infelizmente, em 2005,
quebrando assim uma tradição de quase 300 anos.
A
Feira de Agualva era sempre no mês de Maio,
durava todo o mês, estendia-se desde a Praça
da República (Largo da Feira)
até à linha do Caminho-de-ferro,
tinha todo o tipo de comércio, desde restaurantes, onde se comiam as primeiras sardinhas da época,
vestuário, legumes e hortaliças, apetrechos para o lar, barracas de farturas,
carroceis, etc.
Era uma referência na região, havia convívio
principalmente ao final do dia e fins-de-semana. Tudo foi desaparecendo, até o "coreto" e com as últimas obras de Requalificação da Praça, temos
agora um espaço enorme que mais parece um deserto!
Afinal nem tudo acaba
bem...
Proteção e valorização Do património cultural de Agualva - Cacém
Têm-se
deparado com difíceis obstáculos, os habitantes desta localidade vivem alheios
às tradições e história local. Não
sentem nem se identificam com uma herança cultural que também é sua, e por
vezes assistem quase indiferentes à progressiva degradação e destruição do
património cultural construído e do património natural.
De salientar o papel da Autarquia na desmistificação desta situação, promovendo ações de divulgação junto dos moradores para que possam dar valor não só ao
espaço em que vivem, mas também ao património que os envolve, para que se
verifique uma melhoria da qualidade de vida e bem-estar da população.
Mimi
Diogo (Maria Diogo)